A Brisanet abriu a campanha pelo uso da faixa de 600 GHz para o 5G. Hoje estas frequências estão sendo utilizadas por empresas de radiodifusão, mas segundo José Roberto Nogueira, CEO da operadora, elas são essenciais para que se possa oferecer a áreas rurais e remotas uma cobertura mais efetiva para a banda larga móvel.
Segundo Nogueira, a área rural hoje (nos parâmetros de consumo médio da Brisanet) deveria estar consumindo 50 Tbps. Em quatro anos, serão 150 Tbps e até 2030, 300 Tbps. “Com os 20 MHz que temos disponível ainda em 700 MHz não dá para atender de maneira economicamente viável”. Nogueira participou de workshop organizado pela Anatel sobre espectro.
Assim, para o executivo, o foco da faixa de 600 MHz deve ser o atendimento em áreas rurais, a partir de uma política pública com esse objetivo. Por esta razão, ele entende que o custo de limpeza da faixa deve ser arcado pelo leilão em outras faixas de espectro, como a faixa de 6 GHz. Segundo Nogueira, “as empresas nascentes estão com falta de espectro baixo” e é importante que a Anatel encontre soluções para isso.
Na mesma linha da Brisanet, a Conexis (que representa as grandes operadoras) e também a Vivo defenderam o uso da faixa de 600 MHz para a banda larga móvel.
“[Ela] é uma faixa muito próxima do 700 MHz e há essa possibilidade de destinação para comunicações móveis, para atender rodovias, áreas rurais e chegar em cada vez mais lugares”, afirmou o gerente de regulação e autoregulação da Conexis, Bruno Cavalcanti.
“Ela será muito importante para o 5G em áreas rurais a despeito de necessidade de limpeza de espectro“, completou o diretor de estratégia regulatória da Vivo, Anderson Azevedo, mais tarde no mesmo workshop da Anatel.
Necessidade da radiodifusão
Já Cristiano Flores, diretor executivo da Abert, disse que a radiodifusão tem a perspectiva de uso da faixa de 600 MHz para a TV 3.0.
“Há anos estamos perdendo as faixas de espectro e adensando o nosso serviço. Foi o (espectro de ) 800 MHz para o 2G, depois o 700 MHz para o 4G com uma política importante de digitalização. Mas se fizermos uma comparação com o que tínhamos de espectro há 10 anos, a queda foi de 45%”, disse Flores, lembrando que por outro lado houve a ampliação de canais digitais.
“Houve políticas exitosas, mas paradoxalmente o êxito da TV digital cria a necessidade de mais faixa para a TV 3.0”. Cidades como São Paulo e Belo Horizonte, por exemplo, estão já sem espaço para a migração para a TV 3.0. Para ele, é preciso pensar em mais espectro a médio prazo para a radiodifusão.
Fonte: Teletime