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O 5G pode conferir maior agilidade e qualidade na transmissão de eventos ao vivo, principalmente através de uma rede privativa, com frequência dedicada para essa finalidade. A Globo vem realizando diversas experiências com essa tecnologia nos últimos anos e colhendo bons resultados. “Estamos investindo tempo e recursos no entendimento de como as redes privadas em 5G podem mudar de forma significativa a maneira como realizamos os eventos, nos permitindo ter maior capacidade de uplink e viabilizando que os eventos possam ser operados remotamente e na sua totalidade por 5G”, diz o gerente de tecnologia da emissora, Tiago Facchin, em entrevista para Mobile Time. Facchin participará do próximo MPN Fórum, dia 27 de junho, em São Paulo.

Em quais eventos a Rede Globo já experimentou a solução de rede privativa móvel para envio de imagens ao vivo? Essa tecnologia foi utilizada também para a comunicação de voz entre os técnicos em campo?

Tiago Facchin – A Globo tem explorado redes privadas desde 2018, inicialmente com base na tecnologia 4G LTE e, posteriormente, migrando para a 5G. Essa abordagem nos permite aproveitar uma série de vantagens operacionais e estratégicas, incluindo elevado desempenho, altas taxas de transferência e baixa latência. Além disso, garantimos segurança com acesso restrito e criptografia, bem como confiabilidade e estabilidade, proporcionando conexões consistentes que minimizam o risco de interrupções durante a utilização. Essa infraestrutura também nos concede um maior controle sobre a rede, fundamental para operações que demandam alta disponibilidade.

A Globo tem adotado esse formato para uma ampla gama de propósitos, especialmente em grandes eventos como o carnaval, festivais de música, manifestações e eventos esportivos, onde a presença massiva de público, aglomerações e o uso intenso das redes públicas são comuns. Nesse contexto, a aplicação abrange desde a contribuição, que se concentra no envio de sinais de áudio e vídeo para serem produzidos, até a produção completa, que, além da contribuição, envolve todos os demais aspectos operacionais, desde a comunicação operacional até o fluxo de dados, controles e o próprio processo de produção. Essa abordagem demonstra a flexibilidade e a eficácia das redes privadas em uma variedade de cenários de transmissões ao vivo.

Eram redes temporárias, que foram desmontadas ao fim do evento?

Temos optado por soluções móveis, que são especialmente projetadas para eventos. Nesse momento estamos explorando soluções ainda mais eficientes e de montagem mais simples. Esse movimento visa proporcionar maior flexibilidade, agilidade e redução na infraestrutura necessária para as operações da Globo.

Quais foram as frequências e tecnologias utilizadas (4G ou 5G)?

Com redes privadas já operamos nas faixas de 700MHz, 2,4GH e 3,5GHz. Em redes públicas, além das faixas tradicionais, também já fizemos testes em 26GHz.

Quais eram os fornecedores?

Já estudamos e experimentamos diversos fornecedores do mercado.

 O que acharam dos resultados?

Os resultados foram favoráveis, e ao longo do tempo adquirimos experiência na customização das redes de acordo com nossas necessidades específicas. Porém, ainda hoje, temos limitações de taxa nas redes públicas das operadoras, o que inviabiliza realizar eventos que exijam taxas elevadas de uplink. Nesse momento, estamos investindo tempo e recursos no entendimento de como as redes privadas em 5G podem mudar de forma significativa a maneira como realizamos os eventos, nos permitindo ter maior capacidade de uplink e viabilizando que os eventos possam ser operados remotamente e na sua totalidade por 5G.

Quais as vantagens e desvantagens em relação a outras tecnologias para transmissão ao vivo, como satélite e rádio?

A principal vantagem reside na flexibilidade proporcionada pela tecnologia, garantindo a confiabilidade necessária para nossas aplicações. Essa flexibilidade vem acompanhada de uma significativa redução na infraestrutura e consequente redução de tempo para instalação. A desvantagem é a limitação que ainda temos nas taxas de uplink e é nisso que estamos direcionando nossos estudos no momento.

A Rede Globo já experimentou também network slicing em redes públicas para transmissões ao vivo, certo? O que acha melhor: trabalhar com network slicing ou com uma rede privativa temporária? Quais os prós e os contras de cada solução?

Isso mesmo. Já realizamos experimentos com o recurso de network slicing em redes públicas para transmissões “Ao Vivo”. Nossa abordagem visa integrar o uso de redes públicas com o recurso de network slicing, juntamente com redes privadas, temporárias ou permanentes. Essa integração nos permite agregar funcionalidades adicionais, além de oferecer maior flexibilidade, agilidade e confiabilidade em nossas operações. É importante ressaltar que as vantagens e desvantagens estão intimamente ligadas às necessidades específicas de cada aplicação. Em alguns casos, apenas o uso do recurso de network slicing pode não ser suficiente para garantir todos os requisitos necessários, como throughput de rede, por exemplo.

 A Rede Globo está decidida a adotar redes celulares privativas para a transmissão de eventos ao vivo a partir de agora ou ainda precisa realizar mais testes?

A Globo já adota redes móveis privadas para a contribuição de sinais e transmissão de eventos “Ao Vivo”, além de redes públicas com o recurso de network slicing. Neste momento, estamos estudando e testando a tecnologia 5G para viabilizarmos uma produção completa, que vai além dos processos de contribuição e transmissão.

Para que tipos de eventos uma rede celular privativa funciona melhor? Shows, futebol, F1, carnaval? Por quê?

Eventos de maior porte exigem uma grande quantidade de recursos de produção, alta capacidade de transferência de dados com baixa latência. Para atender a essas necessidades, buscamos ampliar o uso de redes privadas e públicas com o recurso de network slicing. No entanto, devido à alta demanda exigida, produções completas baseadas somente em 5G não serão viáveis para esses casos. Em contrapartida, para eventos intermediários ou de menor porte, que demandam menores quantidades de recursos, estamos focados na realização de produções completas com base no 5G, o que irá proporcionar maior flexibilidade, mobilidade e agilidade operacional.

Quais serão os próximos eventos em que usarão essa tecnologia? 

Atualmente, já implementamos amplamente essas tecnologias em grande parte dos eventos, seja por meio de redes privadas ou públicas com o recurso de network slicing. No entanto, estamos constantemente estudando e discutindo melhorias com o intuito de expandir e promover ainda mais a utilização integrada dessas tecnologias. Essa abordagem integrada permite uma otimização ainda maior dos recursos de rede, contribuindo para uma experiência aprimorada em nossos eventos.

A Rede Globo tem sua própria equipe de telecom para montar e operar essas redes ou prefere que esse serviço seja provido por terceiros? Por quê?

 Sim, a Globo possui uma equipe interna de telecom encarregada de analisar, projetar e implementar essas tecnologias. No entanto, todas as análises e definições dos recursos e características necessárias são estabelecidas em colaboração entre as equipes da Globo e seus parceiros fornecedores da tecnologia. Essa abordagem garante que as soluções atendam às necessidades específicas da empresa e dos eventos que cobrimos. Ao lidar com redes públicas, naturalmente contamos com o apoio e parceria das operadoras de telecomunicações. Essa integração entre nossa equipe interna e os provedores externos nos permite garantir a melhor qualidade e desempenho em nossas operações.

Fonte: MobileTime