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Apenas em 2023 e no estado de São Paulo, mais de 840 quilômetros de cabos foram roubados de redes de telecomunicações da Vivo, afirmou a operadora nesta quarta-feira, 28, durante participação na CPI de Empresas de Telecomunicações da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

O roubo e furto de equipamentos foi um dos temas abordados pela Comissão Parlamentar de Inquérito, ao lado de outras temáticas como ocupação de postes, fraudes, telemarketing abusivo e cobrança do Fistel. Diretor de relações institucionais da Vivo, Thiago Machado representou a empresa de telecomunicações.

Na ocasião, Machado citou dados da Conexis que apontaram 5,4 mil quilômetros de cabos de telecom roubados do setor no País em 2023 (crescimento de 15%). No caso específico da Vivo, 40% do volume subtraído ocorre em São Paulo, número que já foi inclusive maior, afirmou Machado.

Uma ocorrência emblemática relatada pelo diretor da Vivo aconteceu em agosto, na cidade paulista de Salto do Pirapora, na região de Sorocaba (SP). Uma quadrilha usou documentos falsos para obter autorização para obras na rede de cabos subterrâneos. O grupo fechou ruas da cidade, acessou galerias e furtou cabos de cobre – sendo depois preso com 1 tonelada de materiais.

“Há toda uma cadeia de crime organizado que deveria ser mapeada, desvendada e atacada”, defendeu Machado. O foco principal dos criminosos é o alto valor de revenda dos cabos de cobre, mas muitas vezes redes de fibra também são afetadas, mesmo que por engano, notou.

Neste sentido, o enterramento dos fios pode parecer uma melhor opção pela segurança, reconhece o diretor da Vivo. Os custos de iniciativa do gênero, contudo, seriam proibitivos em larga escala na realidade brasileira, afirma Machado.

Postes e redes irregulares

“O crime passa a se acentuar na medida em que há desordenamento dos postes”, adicionou o diretor da Vivo, na CPI realizada pelos deputados estaduais paulistas.

Thiago Machado relacionou o cenário ao crescimento exponencial de operadoras de pequeno porte. Este aumento teria resultado em dezenas a centenas de players atendendo uma mesma região, com prejuízos de maior informalidade e uso irregular dos postes. A situação também seria reflexo das assimetrias regulatórias que garantem regras mais leves para pequenos, argumentou.

Durante a CPI na Alesp, a responsabilidade sobre a situação das redes aéreas foi um dos principais pontos de questionamentos; a presidente da comissão, deputada estadual Carla Morando (PSDB) chegou a afirmar que as empresas de telecom não realizam a remoção de cabos ociosos, após a saída de clientes da base de serviços fixos.

Na reunião, um pedido de convite da diretoria da Enel (concessionária da distribuição de energia em São Paulo) também foi retirado de pauta, sem ir à votação. A empresa é responsável pela fiscalização em SP do uso dos postes – tema cujas novas regras estão há anos em discussão em Brasília.

Por outro lado, convites aos Sindicatos dos Trabalhadores em Telecomunicações (Sintetel), dos Eletricitários e à Divisão de Investigações sobre Infrações contra o Meio Ambiente da Polícia Civil paulista foram aprovados pela CPI das teles.

Já à Anatel foram solicitadas dados sobre o emprego e avaliação de investimentos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), além de informações setoriais que incluem o cenário atual de regulação do streaming e a necessidade de exigência de operações locais para atendimento ao consumidor brasileiro.

Fonte: TeleTime