O executivo responsável pela área de relações governamentais no X, Nick Pickles, anunciou sua saída do cargo nesta sexta-feira, 6. Em postagem na rede social, ele sinaliza que a renúncia não teria ligação com os mais recentes embates políticos da plataforma, como o que resultou na suspensão temporária no Brasil. “Tomei a decisão de sair há vários meses”, afirmou.
Pickles já atuava na gestão de Políticas Públicas do Twitter, antes da aquisição por Elon Musk. No comunicado de despedida, ele agradece a CEO da plataforma, Linda Yaccarino, “por seu apoio e parceria” durante a transição, e classifica a experiência no cargo, que somou mais de dez anos, como “uma incrível jornada”.
Em declarações à imprensa internacional, Nick Pickles já havia se manifestado contra o bloqueio do X em outros países, como Austrália, Índia e Turquia. Em entrevista ao Financial Times em maio deste ano, o executivo disse considerar “essencial que governos democráticos não endossem ou adotem involuntariamente políticas que não protejam a internet aberta e global”.
O comunicado do executivo no X não informa quem deve substituí-lo.
Suspensão do X no Brasil
Na noite de 28 de agosto o ministro Alexandre de Moraes, relator de inquéritos que apuram crimes via redes sociais no Supremo Tribunal Federal, intimou o empresário Elon Musk a indicar, em 24 horas, um novo representante legal do X no Brasil, sob pena de suspensão temporária do acesso à plataforma pelos usuários do país, como prevê o Marco Civil da Internet em caso de descumprimento de ordens judiciais.
A medida ocorreu diante do encerramento das atividades do escritório da empresa no território brasileiro, anunciado no dia 17 de agosto. O fechamento ocorreu após tentativas de intimação para o bloqueio de perfis envolvidos em Inquérito Policial que apura possíveis crimes de obstrução de investigações de organização criminosa e incitação ao crime.
Em notificação atípica, diante da falta de representante legal, o perfil oficial do STF na plataforma X citou o perfil de Assuntos Governamentais (@globalaffairs) da rede social ao proceder com uma “intimação por meios eletrônicos”.
Ao fim do prazo estipulado para a indicação de um representante que pudesse receber as intimações brasileiras, o X respondeu pelo perfil de Assuntos Governamentais, ainda com Pickles na equipe, que não cumpriu as ordens porque considera que são “ilegais”.
O mesmo perfil também divulgou decisões que tramitavam sob sigilo no STF, que citavam perfis investigados em inquéritos, alvos de pedidos de bloqueio.
Na ausência de um representante legal, Moraes determinou o bloqueio das contas da Starlink – pela associação ao proprietário, Elon Musk – para assegurar o pagamento das multas impostas à plataforma X, o que se mantém até então, apesar de recursos interpostos pela empresa.
A rede social segue suspensa no país até o cumprimento das ordens judiciais ou a revogação das mesmas.
Fonte: Telesíntese